segunda-feira, 20 de maio de 2013

Dimorphandra gardneriana Tulasne (Fava d’anta) - UMA ABORDAGEM ETNOBOTÂNICA E RISCOS DE EXTINÇÃO

O gênero Dimorphandra tem grande relevância, sobretudo nos aspectos medicinais e de biodiversidade, por incluir duas espécies que são importantes economicamente como fontes de flavonóides para a indústria farmacoquímica (D. mollis Benth. e Dimorphandra gardneriana Tul.), e espécies endêmicas do Brasil, como a D. jorgei Silva e D. wilsonii Rizz., sendo esta ameaçada de extinção (Sudré et al, 2011). O número de espécies conhecidas varia de 11 a 43 no gênero Dimorphandra (Gonçalves, 2007). Entre essas, D. mollis Benth. e D. gardneriana Tul. são consideradas as mais importantes por serem frequentemente encontradas na natureza, sendo as mais coletadas e usadas na indústria química e farmacêutica (Gonçalves et al, 2010; Cunha et al, 2009). Dimorphandra gardneriana Tul., conhecida como fava d’anta ou faveiro, é uma árvore brasileira leguminosa nativa, ocorrendo naturalmente nos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Bahia, Pará, Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais (Montano et al, 2007).


Dimorphandra mollis Benth
Dimorphandra gardneriana Tul
A fava d´anta é uma planta cujos frutos são utilizados na extração de rutina para abastecimento da indústria farmacêutica. A rutina é um flavonóide que atua no fortalecimento e permeabilidade das paredes dos vasos capilares, em combinação com a vitamina C (Rizzini e Mors, 1995). Além da D.gardneriana, outra espécie nativa de fava d’anta, a Dimorphandra mollis Benth., é usada para a extração da rutina (Cunha, 2009; Gonçalves et al, 2010). Nos últimos dez anos, árvores de fava d’anta (D gardneriana) apresentaram inibição do crescimento da vassoura-de-bruxa, redução das folhas e amarelamento nos Estados do Ceará e do Maranhão, o mesmo foi verificado com D. Mollis (Montano et al, 2007). Devido à ameaça de extinção, existe preocupação com a sobrevivência e manutenção de D. mollis e D. gardneriana, uma vez que são utilizadas comercialmente apenas através do extrativismo (Souza e Martins, 2004). A fim de tomar medidas adequadas para ajudar na conservação de germoplasma de Dimorphandra gardneriana, é necessário dispor de informações sobre a estrutura genética das populações, bem como a variabilidade entre populações. Uma das ferramentas utilizadas para esse fim são marcadores moleculares que permitem inferências sobre a diversidade genética entre e dentro das populações (Schötterer, 2004; Schulman, 2007; Huang e  al, 2009). 
Uma das principais propostas para a conservação é o envolvimento direto da comunidade no uso sustentável, não unicamente pelo seu conhecimento local, que representa um forte elo nos debates a respeito da utilização dos recursos naturais, mas pelas técnicas de plantio, manejo e proteção das espécies de seu meio, e também pela herança cultural de cada comunidade que foi construída ao longo de muitos anos (Martin, 1994; Ramamurthy, 1998; Van Staden, 1999; Diegues, 2000; Rai et al, 2000; Maikhuri et al, 2003; Hamilton, 2004). O presente levantamento bibliográfico, contemplando uma abordagem ampla de Dimorphandra gardneriana, foi realizado baseado na sua importância para a chapada do Araripe como fonte de renda para população local e diante dos riscos de extinção dessa espécie devido ao extrativismo desenfreado.

Chapada do Araripe- Pernambuco


Fonte: Revista da Biologia

Nenhum comentário:

Postar um comentário