O gênero Dimorphandra
tem grande relevância, sobretudo nos aspectos medicinais e de
biodiversidade, por incluir duas espécies que são importantes economicamente como
fontes de flavonóides para a indústria farmacoquímica (D. mollis Benth.
e Dimorphandra gardneriana Tul.), e espécies endêmicas do Brasil, como a
D. jorgei Silva e D. wilsonii Rizz., sendo esta ameaçada de
extinção (Sudré et al, 2011). O número de espécies conhecidas varia de
11 a 43 no gênero Dimorphandra (Gonçalves, 2007). Entre essas, D.
mollis Benth. e D. gardneriana Tul. são consideradas as mais
importantes por serem frequentemente encontradas na natureza, sendo as mais
coletadas e usadas na indústria química e farmacêutica (Gonçalves et al, 2010;
Cunha et al, 2009). Dimorphandra gardneriana Tul., conhecida como fava d’anta
ou faveiro, é uma árvore brasileira leguminosa nativa, ocorrendo naturalmente
nos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Bahia, Pará, Goiás, Mato Grosso e Minas
Gerais (Montano et al, 2007).
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Dimorphandra mollis Benth |
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Dimorphandra gardneriana Tul |
A fava d´anta é uma planta
cujos frutos são utilizados na extração de rutina para abastecimento da
indústria farmacêutica. A rutina é um flavonóide que atua no fortalecimento e
permeabilidade das paredes dos vasos capilares, em combinação com a vitamina C
(Rizzini e Mors, 1995). Além da D.gardneriana, outra espécie nativa de
fava d’anta, a Dimorphandra mollis Benth., é usada para a extração da rutina
(Cunha, 2009; Gonçalves et al, 2010). Nos últimos dez anos, árvores de fava d’anta
(D gardneriana) apresentaram inibição do crescimento da vassoura-de-bruxa,
redução das folhas e amarelamento nos Estados do Ceará e do Maranhão, o mesmo
foi verificado com D. Mollis (Montano et al, 2007). Devido à ameaça de
extinção, existe preocupação com a sobrevivência e manutenção de D. mollis e
D. gardneriana, uma vez que são utilizadas comercialmente apenas através
do extrativismo (Souza e Martins, 2004). A fim de tomar medidas adequadas para
ajudar na conservação de germoplasma de Dimorphandra gardneriana, é
necessário dispor de informações sobre a estrutura genética das populações, bem
como a variabilidade entre populações. Uma das ferramentas utilizadas para esse
fim são marcadores moleculares que permitem inferências sobre a diversidade
genética entre e dentro das populações (Schötterer, 2004; Schulman, 2007; Huang
e al, 2009).
Uma das principais
propostas para a conservação é o envolvimento direto da comunidade no uso
sustentável, não unicamente pelo seu conhecimento local, que representa um
forte elo nos debates a respeito da utilização dos recursos naturais, mas pelas
técnicas de plantio, manejo e proteção das espécies de seu meio, e também pela
herança cultural de cada comunidade que foi construída ao longo de muitos anos
(Martin, 1994; Ramamurthy, 1998; Van Staden, 1999; Diegues, 2000; Rai et al,
2000; Maikhuri et al, 2003; Hamilton, 2004). O presente levantamento
bibliográfico, contemplando uma abordagem ampla de Dimorphandra gardneriana,
foi realizado baseado na sua importância para a chapada do Araripe como
fonte de renda para população local e diante dos riscos de extinção dessa
espécie devido ao extrativismo desenfreado.
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Chapada do Araripe- Pernambuco |
Fonte: Revista da Biologia
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