Texto
Advaldo Dias do Prado
CRBio04 - 33.052/04-D
Foto da capa: Edson
Endrigo
Corria o ano de 1926, mais precisamente o dia 16 de agosto,
quando Emil Kaempfer coletando espécimes em Uruçuí, às margens do rio Parnaíba,
no sudoeste do Piauí, divisa com o Maranhão, se deparou com um pica-pau que
julgou ser um Celeus spectabilis. O indivíduo coletado foi encaminhado ao
American Museum of Natural History (AMNH) de Nova York, EUA. Alguns anos
depois, o pesquisador Charles O’brien, trabalhando no AMNH notou certa
diferença do individuo coletado no Piauí para os advindos do Acre e de alguns
países circunvizinhos. Procurou, então, Lester Short considerado uma das
maiores autoridades em Picídeos que, após algum período de análise confirmou a
diferença e colocou o nome de
Celeus spectabilis
obrieni, em homenagem a O’brien. Finalmente, em 1999, foi considerada uma espécie
plena recebendo o nome científico de Celeus
obrieni e o nome popular de Pica-pau-do-parnaíba.
Em 2006, oitenta anos após aquela coleta, estava trabalhando
em um monitoramento da BR 010, no município de Goiatins, no nordeste do Tocantins.
Quando fui vistoriar as redes de neblina constatei uma ave enroscada pelas pernas,
tratava-se de um pica-pau. Ao compará-lo com as pranchas que tinha de um livro
de campo não encontrei nada parecido. Então, recorri ao livro mais grosso que
ficara no carro e nele encontrei o desenho do que tinha nas mãos. Como não
havia registro daquela espécie no Tocantins, pedi ao Guilherme Silva (autor de
uma das fotos e hoje também biólogo) para fotografá-lo e enviei cópia para
confirmação do especialista José Fernando Pacheco, no Rio de Janeiro. Confirmada
a espécie e alertado por Fernando Pacheco, voltei ao local e consegui gravar o
canto da espécie que depois foi distribuída entre outros ornitólogos que foram
localizando mais indivíduos em diversas áreas.
Jornal do Biólogo - julho de 2011 - CRBio04
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