terça-feira, 21 de maio de 2013

A redescoberta do Pica-pau-do-parnaíba


Texto
Advaldo Dias do Prado
CRBio04 - 33.052/04-D
Foto da capa: Edson Endrigo





Corria o ano de 1926, mais precisamente o dia 16 de agosto, quando Emil Kaempfer coletando espécimes em Uruçuí, às margens do rio Parnaíba, no sudoeste do Piauí, divisa com o Maranhão, se deparou com um pica-pau que julgou ser um Celeus spectabilis. O indivíduo coletado foi encaminhado ao American Museum of Natural History (AMNH) de Nova York, EUA. Alguns anos depois, o pesquisador Charles O’brien, trabalhando no AMNH notou certa diferença do individuo coletado no Piauí para os advindos do Acre e de alguns países circunvizinhos. Procurou, então, Lester Short considerado uma das maiores autoridades em Picídeos que, após algum período de análise confirmou a diferença e colocou o nome de
Celeus spectabilis obrieni, em homenagem a O’brien. Finalmente, em 1999, foi considerada uma espécie plena recebendo o nome científico de Celeus obrieni e o nome popular de Pica-pau-do-parnaíba.
Em 2006, oitenta anos após aquela coleta, estava trabalhando em um monitoramento da BR 010, no município de Goiatins, no nordeste do Tocantins. Quando fui vistoriar as redes de neblina constatei uma ave enroscada pelas pernas, tratava-se de um pica-pau. Ao compará-lo com as pranchas que tinha de um livro de campo não encontrei nada parecido. Então, recorri ao livro mais grosso que ficara no carro e nele encontrei o desenho do que tinha nas mãos. Como não havia registro daquela espécie no Tocantins, pedi ao Guilherme Silva (autor de uma das fotos e hoje também biólogo) para fotografá-lo e enviei cópia para confirmação do especialista José Fernando Pacheco, no Rio de Janeiro. Confirmada a espécie e alertado por Fernando Pacheco, voltei ao local e consegui gravar o canto da espécie que depois foi distribuída entre outros ornitólogos que foram localizando mais indivíduos em diversas áreas.

Jornal do Biólogo - julho de 2011 - CRBio04

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